«Primeiro estranha-se, depois entranha-se», já dizia o Fernando Pessoa a propósito da coca-cola e normalmente é assim com quase tudo que importamos da terra do tio Sam.
Quem já me conhece sabe que sou uma «nariz de cão» quando me desafiam para algo deste género e que normalmente recuso, mas como agora tenho uma piquena para acompanhar, lá fui e ainda me ri um bom bocado.
A criançada lá do prédio, que são mais que muitos, juntou-se na sexta feira à noite para «cravar», a bem dizer, guloseimas à vizinhança.
Desafiaram-me, ainda gaguejei um pouco mas lá fui mais a piquiaia.
E era ver a expressão da cara dela muito admirada «então estes passam a vida a dizer para não comer rebuçados que faz mal à barriga, que faz mal aos dentes e agora empanturram-me deles?»
Imagino a confusão que se deve ter gerado naquela cabecinha, mas ela aproveitou.
Sem exagero mas também sem números muito certos porque lhes perdi a conta, deve ter comido 10 gomas, 2/3 chupas, 15 rebuçados e duas mãos cheias de pintarolas.
Não a proibi de comer nada porque se fosse para tal nem teríamos ido.
E eu só dizia «com tantos, concerteza vai apanhar tamanha enjoadela que nunca mais come nada disto».
E na manhã seguinte mal acordou, «oh mãe, onde está o meu saco das bruxas?»
Esperança do dia anterior, desvaneceu-se logo pela manhã!