16 de junho de 2009

Foi só um susto

Acabadinhos de chegar, deslumbradas com o terraço e as vistas quando ela diz «vou ajudar o papá», vira-se, eu viro-me e digo «cuidado com a escada». Mas a pressa era tanta, que em um segundo o corpito da miúda balouçava para a frente e para trás no cimo das escadas e no outro, mergulha de cabeça por elas abaixo. Foi tão rápido que nem sei bem explicar como foi, ainda lhe toquei, tentei agarrá-la, não consegui e vi-a a rebolar escada abaixo com pensamentos macabros de pescoços partidos.
Atirei-me, e acho que ainda a agarrei em movimento, com o pescoço e pernas tortas, passei-lhe as mãos pelo corpo, encostei-a com muita força ao meu e trememos juntas. Ela chorava, pouco, porque não é muito de choros, tinha era os olhos muito arregalados e cara de assustada e eu só dizia «foi um susto, já passou, já passou».
Ficaram uma perna e um braço bem pisados, um arranhão no pescoço, um tornozelo pisado (meu, não sei como), um valente susto e uma história para contar.

Sem comentários: