As crianças portam-se mal.
Quando souberes ler e descobrires aqui o cantinho, provavelmente também já terás idade e entendimento para perceber o que aqui vou escrever.
Porque o meu amor por ti cresce a cada dia que passa e tenho medo de ficar como aqueles pais que acham que os filhos são uns santos e que os outros é que os desencaminham, corrijam-me se estiver errada!
Como gosto de dizer, és uma danadinha, muito teimosa, gosto por ser do contra e já algo independente (apesar ainda muito dependente da pépé e da fralda).
Quando te quero dissuadir de alguma ideia e porque já sei de antemão que o caminho da negação não nos levará a lugar algum, tento distrair-te com algo diferente, e tu, esperta, por mais interesse que possas vir a ter nesse assunto, nesse momento negas. E negas bem filha, porque na vida, não devemos distrair-nos com outros «floreados» quando sabemos exactamente aquilo que queremos para nós.
Não gosto que digam que és má (sei que não o fazem com má intenção, mas não gosto e pronto, estou no meu direito) porque és uma menina doce, meiga e amiga, só que realmente quem não convive contigo diariamente e assiste a algumas das tuas peripécias de teimosice deve achar que és uma peste indomável. Se te «picam» viras onça, mas sei que hás-de aprender, um dia, a ignorar as vozes da contrariedade. Agora és menina e tudo é levado muito a peito.
Acredito que muito dificilmente serás humilhada e com isso fico feliz, pois mesmo que o tentem, a tua forte personalidade não te deixará afundar.
Só não quero que sejas violenta, nem reajas com ela, as palavras se bem aplicadas são a nossa melhor arma. Tenta agir em primeiro lugar, dá o exemplo, coisa que já sabes fazer tão bem, embora por vezes não o faças pelos melhores motivos. Mas prometo que te vou ajudar, sempre.
Continua a exigir de nós cada vez mais, o desafio é bom, por vezes extenuante, mas se assim não fosse também não teria piadinha nenhuma.
Porque as crianças portam-se mal e isso, para mim, é muito bom sinal, de que não aceitam tudo quanto lhes é oferecido, de que duvidam, de que põem em causa e porque tudo é novo, excitante e para viver.
Nós vamos tentando colocar-te alguns travões, ensinando-te a calma e a virtude da espera.
No fundo, tentamos domar-te, mas ficamo-nos pela tentativa e pelo exemplo que diariamente temos que transmitir.
Tu, serás sempre tu.
E prometo que tentarei nunca te cortar as asas.
Porque as crianças portam-se mal e é assim mesmo que eu acho que se devem portar.
(Ainda me vou arrepender do que aqui estou a escrever. Mas isso será só em algum momento. Porque no essencial é assim mesmo que penso.)
Há 1 ano


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